quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Fisherspooner com Mortadela na Bienal



É sempre divertido escrever sobre o circuito das artes local. O show especial do Fisherspooner, na abertura da Bienal, demonstra bem isso. Bem, só veio metade do duo novaiorquino, mais as dançarinas e o telão divertido de danças em construção. Casey Spooner declara adorar São Paulo, e com certeza levou pra casa muitas lembranças interessantes. A novela latina começou com um daqueles refrescos na carreira que qualquer artista costuma sonhar, o convite para uma apresentação que extrapolasse o conceito de um simples show. Cálidas terras, nem tão logo lhe chegou a notícia de que a verba teria que ser cortada em 60 por cento. E depois, seguido de outro corte de 20 por cento feito há duas semanas do evento em si. Casey desabafou aqui e ali dizendo que deu mais trabalho “desmontar” o que havia previsto para a apresentação do que o que sobrou a fazer. Mas acabou encarando a vinda pra cá (só ele, sem o parceiro que teria ficado “no estúdio”) por conta do compromisso com os fãs brasileiros. Humm... ”por conta de problemas com o dinheiro da Bienal, nem sabíamos que viríamos mesmo até pouco antes de embarcar”, declarou o fisherspooner solidário. Deve ter sido por conta disso que o técnico de som, a ser fornecido pela produção, chegou atrasado umas três horas pra passagem de som. Ou então esqueceram de avisá-lo que por aqui a gente atrasa, sabe como é, além de tudo era domingo. Dizem que foi divertido vê-los abandonados, Casey e as dançarinas, a ponto de nem terem o que comer até as seis horas daquela tarde da apresentação. Alguém “da produção” deve ter se tocado, ou ficado com fome também, porque afinal providenciaram sanduíches de mortadela pro músico e pras garotas performáticas. Não sei se não era Sadia, mas Casey deu uma de fresco reclamando que era vegetariano, e ninguém sabia disso? Dá então pra imaginar o porquê de tanta ironia e comentários blasé dele, durante o show, quanto a “importância de um evento para tanta gente das artes”. De qualquer modo, o show foi um arraso. (e me lembra a história da primeira vinda ao país da Chrissie Hynde, vegan radical, cuja coletiva de imprensa foi feita numa descolada hamburgueria por conta do “ar americano do ambiente”; quando descobriu onde estava, a líder do Pretenders interrompeu a conversa jornalística p da vida e saiu pra rua xingando meio mundo; mal educada, não?).

Nenhum comentário: